Mística Espaço Livre

Feche os olhos, olhe para dentro de sí mesmo(a), enxergue o teu verdadeiro ser e eleve-se!

A mística católica e o desafio inter-religioso.



A mística inter-religiosa vai se firmando hoje como nova e importante área dentro das Ciências da Religião. E isto certamente tem grandes e surpreendentes repercussões na experiência mística cristã dos tempos atuais e na releitura das experiências místicas cristãs de todos os tempos.


Esperamos que, seguindo estes caminhos, possamos chegar, senão a um novo paradigma, ao menos talvez a um paradigma muito antigo e mesmo primordial que hoje, revisitado, se levanta com nova força, novo rosto e chega por novas vias ao sentimento religioso nosso e de boa parcela do povo de Deus.


Em um momento da história e da vida da Igreja em que se encontram tantas perplexidades e muitas vezes, inclusive, inumeráveis confusões quanto à questão da espiritualidade e da experiência espiritual que seria própria ao cristianismo, cremos que a reflexão que aqui fazemos poderia talvez ajudar ou pelo menos provocar um aprofundamento desta questão hoje vital: a possibilidade da autêntica experiência de Deus em outras tradições religiosas e a influência que tais experiências tiveram na configuração da experiência mística cristã.


Sendo todas as experiências autenticamente místicas distintas formas de aproximação do Mistério Fundamental que é Deus, uma teologia cristã das religiões ou da mística inter-religiosa implicará o reconhecimento da legitimidade destes diversos caminhos ou percursos em direção à comunhão com o mesmo Mistério Fundamental.


A mística cristã hoje é diretamente interpelada pelas experiências místicas e espirituais de outras religiões. Os numerosos estudos que vão mais e mais aparecendo neste campo comprovam o que acabamos de afirmar. Mais: pode-se perceber nas experiências e escritos de muitos dos maiores místicos cristãos a presença autêntica e real de intuições, imagens e contornos encontradiços igualmente em outras tradições.


Isto não faz com que tal mística deixe de ser cristã ou perca em autenticidade, mas demonstra que cada pessoa é situada num determinado contexto cultural e recebe a influência deste sem disto tomar ciência a nível consciente.


Demonstra igualmente que a experiência de Deus que se encontra no coração mesmo da identidade da mística cristã não se torna diminuída ou difusa ou menos consistente pela influência que recebe de alhures. Mas, pelo contrário, dá e alcança toda a sua medida ao encontrar elementos de sintonia provindos de seres humanos que provaram profundamente a proximidade e o amor de Deus, ainda que oriundos e filiados a outras tradições religiosas.

Fonte: voltairenet.org

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